Estudo sobre a TRINDADE

 

Estudo sobre a TRINDADE

DECLARAÇÃO INICIAL

Deus Pai é Deus! Deus Filho é Deus! Deus Espírito Santo é Deus! Três Pessoas distintas. Não três deuses! Possuem unidade de essência e poder.

Na Bíblia encontramos textos que comprovam cabalmente que Deus Pai é uma pessoa e tem atributos divinos, Deus Filho é uma pessoa e tem atributos divinos e Deus Espírito é uma pessoa e tem atributos divinos. Existe, porém, apenas um Deus!

Deus é uma Unidade, uma essência divina, existindo em Três Pessoas na Divindade, sendo essas Três: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Agora, a conclusão dessa revelação sobre o assunto é, (1) que Deus é um; (2) que esse Deus uno é Pai, Filho e Espírito Santo; (3) que o Pai é o Pai do Filho; e o Filho, o Filho do Pai; e o Espírito Santo, o Espírito do Pai e do Filho, e que, no que diz respeito a essa Sua relação mútua, Eles são distintos um do outro com a mesma essência.

Essa é a substância da doutrina da Trindade, no que concerne ao interesse direto da fé. A primeira intenção das Escrituras ao revelar Deus para nós é que O temamos, creiamos, adoremos, obedeçamos e vivamos para Ele, como Deus. Que façamos isso de modo adequado e adoremos ao único Deus verdadeiro, e não adoremos as falsas imaginações que criamos com nossas próprias mentes. Como foi dito: Esse Deus é uno, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O Pai é Deus; e, portanto, deve ser crido, adorado e obedecido, devemos viver para Ele e em todas as coisas considera-lO como a causa primeira, Senhor soberano e o fim último de todas as coisas. O Filho é Deus verdadeiro; e, portanto, deve ser crido, adorado e obedecido, devemos viver para Ele e em todas as coisas considera-lO como a causa primeira, Senhor soberano e o fim último de todas as coisas. E assim também devemos considerar o Espírito Santo. Essa é a suma da fé concernente a esse assunto, no que diz respeito a revelação direta de Deus feita por Ele mesmo nas Escrituras, e o primeiro objetivo geral adequado.



A PALAVRA TRINDADE

A palavra “Trindade” não pode ser encontrada originalmente na Bíblia, mas sua doutrina está presente nela de forma inegável, de ponta a ponta, ou seja, de Gênesis a Apocalipse. Em harmonia com o caráter progressivo da revelação de Deus nas Escrituras, é no Novo Testamento onde encontramos de forma mais explicita as bases do dogma trinitariano, mas ainda no Antigo Testamento, especialmente sob a luz do Novo, é possível perceber a verdade acerca do Deus Triúno.

Assim, após ter sido utilizada por Tertuliano no final do século 2 d.C., a palavra Trindade passou a ser considerada de maneira mais formal na teologia cristã a partir do quarto século. Dentre esses Concílios, a Trindade foi especialmente debatida e afirmada no Concílio de Niceia em 325 d.C., e reafirmada no Concílio de Constantinopla em 381 d.C.

Estudiosos notáveis como Basílio de Cesaréia, Gregório de Naziano, Gregório de Nissa e Agostinho, também refletiram e escreveram sobre a Trindade, e mais de mil anos depois, igualmente os reformadores deram especial importância a ela, com destaque para João Calvino, que concentrou grande parte de seus escritos falando sobre a Trindade, especialmente com relação à Pessoa e a obra do Espírito Santo.



CREDO ATANASIANO

O Credo Atanasiano diz:

Adoramos um Deus em Trindade, e Trindade em Unidade, sem confundir as Pessoas, sem separar a substância”.

Cada uma das Três Pessoas da Trindade é Deus, sendo iguais em autoridade, glória e poder. Cada uma igual às outras, merecendo o mesmo culto, a mesma devoção, a mesma confiança e fé.



A DOUTRINA DA TRINDADE

A Trindade é uma doutrina cristã que trata acerca da diversidade que há na unidade de Deus, nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A primeira coisa que deve ser considerada num estudo sobre o que é a Trindade, é saber que estamos diante de um grande mistério, ou seja, é impossível ao homem compreender e explicar a Trindade de forma plena.

Essa dificuldade se dá, sobretudo, pelo fato de que a doutrina da Santíssima Trindade se concentra no estudo do Ser de Deus e de sua atividade, e Deus é infinitamente maior do que nós, de modo que com todas as nossas limitações, apenas conhecemos sobre Ele o que Ele próprio decidiu nos revelar de forma plenamente suficiente, tanto através das Escrituras quanto através das obras da criação, onde podemos admirar seus atributos.

Todavia, por mais que seja complexa e misteriosa, a doutrina da Trindade é essencialmente acessível, no sentido de que seu conceito principal pode ser claramente percebido e assimilado, através do estudo da Palavra de Deus.



O significado de Trindade

O significado do termo Trindade, que vem do latim trinitas, procura transmitir um sentido de “três que é um”. Esse termo foi aplicado pela primeira vez por Tertuliano, como visto acima, para se referir à natureza triúna de Deus revelada nas Escrituras.



A Trindade na História da Igreja

Desde muito cedo a Igreja precisou formular uma doutrina a cerca desse assunto, especialmente para se proteger de falsos ensinos que já desde a época apostólica procuravam se introduzir na comunidade cristã, os quais eram influenciados pelo gnosticismo, pelo platonismo e pelo próprio judaísmo.

De forma bastante resumida, podemos dizer que o ponto principal dessas heresias atacava a divindade de Cristo e a pessoalidade do Espírito Santo.



As heresias sobre a Trindade

As principais teorias heréticas com relação à Trindade são:



Arianismo:

Defende que o Filho não é eterno, mas simplesmente um ser criado por Deus que serviu propriamente como um instrumento para a criação do mundo. O Arianismo surgiu no início do século 4 d. C. sob liderança de Ário, um presbítero da igreja de Alexandria, e foi fortemente combatido pelo importante teólogo Atanásio.

Ário e seus discípulos enfatizavam o fato de que Jesus foi um ser humano perfeitíssimo, porque ele estava cheio do Espírito. Nota-se uma influência muito grande do pensamento filosófico grego em Ário. Para ele o Logos de João não é Deus. Pois Deus não pode se comunicar com o mundo, Ele é um mistério indecifrável e transcendente. Sua natureza é incomunicável, portanto, para ser conhecido Ele tem que se servir de um mediador, o Logos. Este Logos não é Deus, mas pertence a esfera divina. Jesus, cheio do Espírito, alcançou a perfeição a ponto de merecer um nome divino. Foi adotado pelo Pai como seu filho. O filho permanece sempre subordinado ao Pai, porque foi criado ou gerado pelo Pai. Também é chamado de subordinacionismo adocianista ou monarquismo dinâmico, porque, para eles, Jesus mereceu ser adotado pelo Pai.

O Pai é o único Deus, o Filho e o Espírito Santo são criaturas subordinadas.

Ele é a criatura mais semelhante ao Pai que se possa conceber (homoioúsios), sem, entretanto, chegar à igualdade de natureza com o Pai (homooúsios).

Esta corrente pretendia fazer justiça a duas doutrinas básicas da fé. A unidade de Deus, pois não há ninguém igual a Ele e, ao mesmo tempo, ele possui um Primogênito, perfeito, divino porquanto foi adotado por Deus, e proposto como mediador, salvador e caminho exclusivo de acesso ao Pai.

O Concílio de Nicéia (325) refutou a doutrina de Ário, e afirmou que Jesus Cristo é o Filho unigênito de Deus. “Cremos em um só Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado desde a eternidade do Pai: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.



Modalismo e Adocianismo

Um dos primeiros movimentos heréticos que surgiu nos séculos III e IV foi o monarquismo. Poucas pessoas estão familiarizadas com este termo teológico, mas a palavra-raiz é muito familiar: monarca. Quando pensamos em um monarca, pensamos num governante de uma nação, um rei ou uma rainha. Se analisarmos a palavra monarca, descobriremos que ela consiste de um prefixo mono, que significa “um”, unida com a palavra “arch”, que vem do grego arche. Esta palavra podia significar “começo”; por exemplo, ela aparece no prólogo do evangelho de João, onde o apóstolo escreve: “No princípio era o Verbo”. Mas também podia significar “chefe ou governante”. Portanto, um monarca era um governante único, e uma monarquia era um sistema de governo realizado por uma só pessoa. O monarquismo era, então, uma tentativa de preservar a unidade de Deus ou monoteísmo.

A primeira grande heresia que a igreja teve de enfrentar, com respeito ao monarquismo, era chamada de “modalismo monárquico” ou, simplesmente, “modalismo”. A ideia que estava por trás do modalismo era que todas as três pessoas da Trindade são a mesma pessoa, mas se comportam em modos singulares em tempos diferentes. Os modalistas sustentavam que Deus era inicialmente o Criador, depois se tornou o Redentor, depois se tornou o Espírito, no Pentecostes. A pessoa divina que veio a terra como o Jesus encarnado era a mesma pessoa que havia criado todas as coisas. Quando ele retornou ao céu, assumiu novamente o seu papel como o Pai, mas, depois, retornou à terra como o Espírito Santo.

Como você pode ver, a ideia é que há um só Deus, mas ele age em modos diferentes, ou expressões diferentes, de tempos em tempos.

O principal proponente do modalismo foi um homem chamado Sabélio. De acordo com um escritor antigo, Sabélio ilustrava o modalismo por comparar Deus com o sol. Ele notou que o sol tinha três modos: sua forma no céu, sua luz e seu calor. Por analogia, Sabélio disse, Deus era vários modos: a forma corresponde ao Pai, a luz é o Filho, e o calor é o Espírito.

Uma segunda forma de monarquismo que apareceu era chamada de “monarquismo dinâmico” ou “adocionismo”. Esta escola de pensamento era também comprometida em preservar o monoteísmo, mas seus adeptos queriam dar honra e importância central à pessoa de Cristo.

Aqueles que propagaram este ponto de vista sustentavam que, no tempo da criação, a primeira coisa que Deus criou foi o Logos, depois que o Logos criou todas as outras coisas. Por isso, o Logos é mais elevado do que os seres humanos e do que os anjos. Ele é anterior a tudo, exceto a Deus. Mas ele não é eterno, porque ele mesmo foi criado por Deus; portanto, ele não é igual a Deus.

De acordo com o adocionismo, no devido tempo o Logos se tornou encarnado na pessoa de Jesus. Em sua natureza humana, o Logos era um com o Pai em termos de realizar a mesma missão e agir em direção aos mesmos objetivos. Ele foi obediente ao Pai, e, por causa de sua obediência, o Pai o “adotou”. Por isso, é apropriado chamar o Logos de Filho de Deus. Entretanto, ele se tornou o Filho de Deus dinamicamente.

Houve uma mudança. O Logos não foi sempre o Filho de Deus; e a sua filiação foi algo que ele ganhou pelo que fez.

Aqueles que defendiam este ponto de vista citavam afirmações bíblicas como “Este [Jesus] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1.15). Também argumentavam que as descrições do Novo Testamento sobre Cristo como “unigênito” possuem, em si mesmas, a implicação de que ele teve um começo no tempo, e alguma coisa que tem um começo no tempo é menos do que Deus, porque Deus não tem começo. Em resumo, eles acreditavam que o Logos é como Deus, mas não é Deus.

Estes pontos de vista causaram o primeiro dos concílios ecumênicos, o Concílio de Niceia, que se reuniu em 325 d.C. Este concílio produziu o Credo Niceno, o qual afirma que Cristo é “o Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os mundos” e que ele foi “gerado, não criado”. Declara também que Cristo é “Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus... sendo de uma só substância com o Pai”. Com estas afirmações, a igreja disse que os termos bíblicos como “primogênito” e “unigênito” tinham a ver com o lugar de honra de Cristo e não com a sua origem biológica. A igreja declarou que Cristo é da mesma substância, ser e essência do Pai. Assim, foi proposta a ideia de que Deus, embora seja três em pessoa, é um em essência.



O Triteísmo

O triteísmo afirma que existem três Pessoas divinas. Acredita na divindade do Filho, na Pessoa do Espírito como Deus em igualdade. Mas são três substâncias independentes e autônomas. Não se afirma a relação entre elas nem a comunhão como constitutivo da Pessoa divina. A Trindade transforma-se em três deuses. Somam-se os três divinos, como se atrás de cada Pessoa não houvesse um Único. Existem então três absolutos e não um, três seres eternos e não um, e três criadores e não um.



VERDADES E BASES PARA A DOUTRINA DA TRINDADE

HÁ UM SÓ DEUS VIVO E VERDADEIRO

A Doutrina da Trindade não é uma forma de Triteísmo, ou seja, não é uma crença em três Deuses.

Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4).

Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor Deus dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6).

Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3).

Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).

Crês, tu que Deus é um só? Fazes bem” (Tg 2.19).

Sabemos que o ídolo de si mesmo nada é no mundo, e que não há senão um só Deus” (1Co 8.4).

Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.5,6).

Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Ap 22.13).



DEUS EXISTE COMO TRÊS PESSOAS

1. O Pai é Deus

Todavia, para nós há um só Deus, o Pai...” (1Co 8.6)

... segundo a presciência de Deus Pai...” (1Pe 1.2)

... subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17)



2. O Filho é Deus

Cristo, ..., o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre” (Rm 9.5)

Porquanto nele (Cristo) habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9)

Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30)

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1)

Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18)

Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28)

... e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as cousas, e nós também, por ele” 1Co 8.6)

Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre...” (Hb 1.8)

... estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20)

Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13)

Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as cousas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4.11).



3. A Cristo são atribuídos os atributos que são designados somente à Deus:

a) Santidade: Mc 1.24; 2Co 5.21; Jo 8.46; Hb 7.26

b) Eternidade: Jo 1.1; 8.58; Hb 1.8; Jo 17.5

c) Vida: Jo 1.4; 14.6; 11.25

d) Imutabilidade: Hb 13.8; 1.11,12

e) Onipotência: Mt 28.18; Ap 1.8

f) Onisciência: Jo 16.30; Mt 9.4; Jo 6.64; Cl 2.3

g) Onipresença: Mt 28.20; Ef 1.23

h) Criação: Jo 1.3; 1.10; Cl 1.16,17; Hb 1.3

i) Ressuscitando os mortos: Jo 5.27-29

j) Oração e devoção devem ser dirigidas a Cristo: Jo 14.14; Lc 24.51,52; At 7.59; Jo 5.23; At 16.31; Hb 1.6; Fp 2.10,11; 2Pe 3.18; Hb 13.21; Is 45.22

Conforme esses atributos que são dados a Cristo, nos é ensinado de forma clara a Sua Divindade, caso contrário seria uma blasfêmia atribuir a Ele, os atributos, caso não fosse Deus.



4. O Espírito Santo é Deus

Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisse ao Espírito Santo... Não mentistes aos homens mas a Deus” (At 5.3,4)

Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? assim também as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” (1Co 2.11)

Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Co 3.17)

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome (singular) do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19)

O Espírito Santo é colocado ao mesmo pé de igualdade com o Filho e com o Pai e Ele têm os mesmos poderes e atributos.



SÃO PESSOAS DISTINTAS ENTRE SI

1. Relacionamento Pessoal - Nas relações pessoais que a Trindade tem entre si é evidenciado que são Pessoas diferentes. As suas designações Pai, Filho e Espírito Santo testificam isso:

a) Usam mutuamente os pronomes Eu, Tu, Ele quando falam um do outro, ou entre si (Mt 17.5; Jo 17.1; 16.28; 16.13)

b) O Pai ama o Filho, e o Filho ama o Pai. O Espírito Santo glorifica o Filho (Jo 3.35; 15.10; 16.14)

c) O Filho ora ao Pai (Jo 17.5; 14.16)

d) O Pai envia o Filho, e o Filho e o Pai enviam o Espírito Santo que atua como Seu Agente (Mt 10.40; Jo 17.18; 14,26; 16.7)

Porquanto, pelo fato de usar pronomes Eu, Tu, entre Si é evidenciado que há um só Deus em Três Pessoas Distintas.



2. São Apresentadas Separadamente

Três Pessoas distintas são apresentadas em 2Sm 23.2,3; Is 48.16; 63.7-10. Igualmente, à vista do fato da criação ser atribuída a cada Pessoa da Divindade separadamente, como também a Eloim com as palavras “Também disse Deus (Eloim): Façamos o homem ‘a nossa’ imagem” (Gn 1.26).

Temos forte convicção da mesma verdade no plural de Eclesiastes 12.1 que diz: “Lembra-te do(s) teu(s) criador(es) nos dias da tua mocidade”, e Is 54.5, que diz: “Porque o(s) teu(s) criador(es) é(são) teu marido”.







QUANTO AS OBRAS DE CADA UM

É declarado que Cada Pessoa realiza as obras de Deus e assim todas a executaram. Nunca é mencionado as Três Pessoas realizando as obras juntas e sim como que se a outra não a tivesse realizado.

1. A Criação do Universo

Pai (Sl 102.25); Filho (Cl 1.16); Espírito Santo (Gn 1.2; Jó 26.13). Tudo se combina com Gn 1.1 (Deus – Eloim).

2. A Criação do Homem

Pai (Gn 2.7); Filho (Cl 1.16); Espírito Santo Jó 33.4). Resumindo tudo isso em Ec 12.1 e Is 54.5, onde Criador é plural no original.

3. A Morte de Cristo

Pai (Sl 22.15; Rm 8.32; Jo 3.16); Filho (Jo 10.18; Gl 2.20); Espírito Santo (Hb 9.14).

4. Ressurreição

Pai (At 2.24); Filho (Jo 10.18; 2.19); Espírito Santo (1Pe 3.18).

5. Inspiração das Escrituras

Pai (2Tm 3.16); Filho (1Pe 1.10,11); Espírito Santo (2Pe 1.21).



A DOUTRINA DA TRINDADE NO VELHO TESTAMENTO

O Velho Testamento logo no seu início insinua uma pluralidade na Divindade, demonstrando assim, claramente a Trindade (Gn 1.1,26; 3.22; 11.6,7; 20.13; 48.15; Is 6.8).



OS NOMES DE DEUS NO PLURAL

Em Gênesis 1.1 vemos o nome Eloim. Este Nome é plural na forma, mas singular no significado. Os versículos seguintes demonstram isso (Gn 1.26,27; 3.22); indicando então uma Trindade.

Há vários versos que Deus aparece falando consigo mesmo e com isso demonstrando conselho dentro da Trindade. Sabemos que Deus não se aconselha e nem pede conselhos (Gn 1.26,27; 3.22; 11.7; Is 6.8); indicando assim uma Trindade. Essa auto-conversa não pode ser atribuída aos anjos, pois eles não estavam associados com Deus na criação.



O ANJO DO SENHOR

Esse se trata do Logos pré encarnado, Deus Filho, em manifestação angélica ou até mesmo humana.

Algumas dessas manifestações se deram a: Hagar (Gn 16.7-14); Abraão (Gn 22.11-18); Jacó (Gn 31.11,13); Moisés (Ex 3.2-5); Israel (Ex 14.19; cf. 23.20; 32.34); Balaão (Nm 22.22-35); Gideão (Jz 6.11-23); Manoá (Jz 13.2-25); Davi (1Cr 21.15-17); Elias 1Rs 19.5-7.

Este Anjo foi adorado (Ex 3.5,6), se Ele não fosse Cristo, seria blasfêmia um anjo receber adoração que é devida só a Deus (Ap 22.8,9).



Essas manifestações no Velho Testamento tinham por finalidade prever a hora em que finalmente Ele viria na carne. Apenas uma única exceção, em que o anjo não é o Logos se encontra em Ageu 1.13, onde o próprio Ageu é o “mensageiro” do Senhor.

Outras provas bíblicas dessa afirmação são: Gn 17.2,17; 18.22 com 19.1; Js 5.13-15 com 6.2; Jz 13.8-21; Zc 1.11; 3.1; 13.7.



A BÊNÇÃO ARAÔNICA

Esse exemplo de trisagia indica uma insinuação da Trindade (Nm 6.24-26).

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz”.

Note que muito embora a passagem citada seja uma bênção, é um só o Deus que abençoa. Sabemos isso pela menção do verso seguinte: “Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”.



LOGO NO INÍCIO (NO LIVRO DE GÊNISES)

Encontramos no primeiro versículo da Bíblia duas manifestações da Divindade que segue: “No princípio criou Deus... e o Espírito de Deus movia-se”. Portanto notamos que o Criador de todas as Coisas é Deus e o Espírito Santo move-se sobre este mundo, com o propósito de nos conduzir, guiar e instruir no caminho que Ele deseja que andemos.

No primeiro capítulo de Gênesis, no relato da criação, já podemos encontrar os primeiros prenúncios acerca da Trindade. Nele, somos apresentados ao Deus que criou todas as coisas por meio da Palavra e do Espírito (Gênesis 1:3).

Aqui é interessante saber que a palavra hebraica Elohim que é um dos nomes de Deus no Antigo Testamento, está em sua forma plural, não no sentido de indicar três deuses, mas como sendo um plural de intensidade, algo característico do hebraico. Com isso, essa palavra, por si só, não pode ser utilizada como prova da Trindade, mas, de alguma forma, com base no contexto em que algumas vezes aparece, certamente ela aponta para a diversidade dentro da própria Divindade. Saiba mais sobre o significado de Elohim na Bíblia.

Isso é o que acontece em Gênesis, onde o texto bíblico explora ainda mais essa questão ao aplicar formais verbais no plural, como a conhecida expressão “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26), ou seja, no Antigo Testamento existe uma comunicação de Deus consigo mesmo (cf. Gênesis 3:22; 11:7).

Se esse versículo expõe de forma bastante enfática a pluralidade na natureza Divina, o versículo seguinte cuida de garantir que nenhuma ideia equivocada de supostos três deuses seja concebida, ao afirmar categoricamente: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27).

Quando comparamos esse texto com os primeiros versículos do Evangelho de João, entendemos que ele expressa de forma maravilhosa a obra do Pai, do Filho e do Espírito na criação de todas as coisas (João 1:1-3; cf. Colossenses 1:16,17).



A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

No Novo testamento a Trindade é perfeitamente identificada. Por isso ela pode ser facilmente formulada pelas passagens que se seguem:



NA FÓRMULA BATISMAL - As instruções de Cristo de batizarem “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” declaram a Trindade (Mt 28.19).



NO BATISMO DE CRISTO - As Três Pessoas da Divindade são evidenciadas distintamente em Seu Batismo (Mt 3.16,17).



NA BÊNÇÃO APOSTÓLICA - As Três Pessoas são vistas (2Co 13.14).



O FILHO E O ESPÍRITO É DEUS

Juntamente com o próprio Deus eles formam uma Unidade (Jo 6.27; 10.30; At 5.3,5).



PRINCIPAIS DECLARAÇÕES BÍBLICAS:

1. Em João 1.1 encontramos uma das maiores provas de que Cristo é Deus. No original grego diz: “e Deus era a palavra”, declarando assim explicitamente que Cristo é Deus.

2. Sabemos que Deus é o Criador das coisas, em Jo 1.3; Hb 1.2; Cl 1.16, vemos que Cristo é o Criador de todas as coisas.

3. Tomé declara em relação a Cristo: “Senhor meu e Deus meu!” (At 20.28).

4. UMA PROVA “ESPETACULAR” DA TRINDADE

Observe a passagem clássica em Isaías 6.

a) O Ser a Quem é dirigido a adoração é o “Senhor dos Exércitos”, o Pai.

b) Mas em João 12.41 em manifesta referência a esta transação diz sobre a glória dele (de Cristo). Portanto, temos também o Filho, cuja glória nesta ocasião o profeta disse ter visto.

c) Atos 28.25 determina que também havia a presença do Espírito Santo. As palavras deste versículo, Isaías declara que foram ditas na mesma ocasião pelo “Senhor dos Exércitos” (Is 6.9).

Resumindo todas as circunstâncias de Isaías 6:

O LUGAR: o santo lugar dos santos;

a repetição da homenagem, TRÊS vezes, Santo, santo, santo;

o ÚNICO Jeová dos Exércitos, a quem foi dirigida;

O pronome plural usado por este ÚNICO Jeová, NÓS;

A declaração do evangelista de que nesta ocasião Isaías viu a glória de CRISTO;

A declaração de Paulo, que o Senhor dos Exércitos que falou nessa ocasião era o ESPÍRITO SANTO;

E a conclusão não parecerá desprovida da mais poderosa autoridade, tanto circunstancial quanto declaratória, que a adoração, Santo, santo, santo, referia-se à Divina Trindade, na essência do Senhor dos Exércitos.



De acordo com isso, em Apocalipse, “o cordeiro” está em associação com o Pai, recebe ou é objeto de igual homenagem e louvor dos santos e dos anjos. Esta cena em Isaías é transferida para o capítulo quatro (v.8), e as “criaturas viventes”, os serafins do profeta, são ouvidos na mesma melodia e com a mesma repetição trina, dizendo: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”.



5. Vejamos outra passagem: Gênesis 48.15,16

Temos, nas palavras de Jacó, a menção de Três Pessoas distintas:



a) “O Deus em cuja presença andaram meus pais” e

b) “o Anjo que me tem livrado”.

Temos aqui pelo menos duas Pessoas; mas, mais adiante, temos, o

c) “Deus que me sustentou”.

Este último, indubitavelmente distingue-se do Anjo e também do Deus diante do qual os seus pais andaram. Portanto, temos aqui Três Pessoas distintas, sob três nomes pessoais e realizando obras distintas. Cada um realizando obras distintas e recebendo adoração que só a Deus é devida.

Os dois outros são realmente Pessoas Divinas, pois as Escrituras confirmam isso:

Elas descrevem Deus Pai como o líder, o mestre, ou aquele diante do qual nossos pais andaram;

e o Filho como o Goel, o Anjo que remiu; e Deus que é o Autor de toda iluminação, santificação e conforto, com o Espírito Santo que nos fornece alimento espiritual e nos alimenta com ele.

Também outras passagens atribuem ser Cristo o Próprio Deus (Rm 9.5; Tt 2.13; Hb 1.8; 1Jo 5.20; 1Co 8.5,6; Ap 4.11).



AS TRÊS PESSOAS RECEBEM OS MESMOS ATRIBUTOS:

Eternidade: Pai (Sl 90.12); Filho (Ap 1.8,17; Jo 1.2; Mq 5.2); Espírito Santo (Hb 9.14).

Poder infinito: Pai (1Pe 1.5); Filho (2Co 12.9); Espírito Santo (Rm 15.19).

Onisciência: Pai (Jr 17.10); Filho (Ap 2.23); Espírito Santo (1Co 2.11).

Onipresença: Pai (Jr 23.24); Filho (Mt 18.20); Espírito Santo (Sl 139.7).

Santidade: Pai (Ap 15.4); Filho (At 3.14); o Espírito é chamado de Espírito Santo, foi por isso que os anjos clamaram: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3).

Verdade: Pai (Jo 7.28); Filho (Ap 3.17); Espírito Santo (1Jo 5.6).

Benevolentes: Pai (Rm 2.4); Filho (Ef 5.25); Espírito Santo (Ne 9.20).

Comunhão: Pai (1Jo 1.3); Filho (idem); Espírito Santo (2Co 13.14).



Tudo o que se diz de uma Pessoa é como que se as outras não existissem. O fato de que cada Pessoa possui todas as características divinas e de maneira tão completa que pareceria que nenhuma outra precisaria possuí-las, declara a distinção existente entre as Pessoas.

Por outro lado, o fato de que elas todas manifestam estas características de maneira idêntica e na mesma medida, declara a Unidade da qual o seu modo de existência brota.



EXISTE HIERARQUIA NA TRINDADE?

Para respondermos essa pergunta corretamente precisamos fazer uma distinção entre Trindade Ontológica e Trindade Econômica. A Trindade Ontológica fala acerca da Trindade em essência, e nesse sentido não há qualquer hierarquia ou subordinação.

Às vezes a expressão “1ª, 2ª e 3ª Pessoa da Trindade”, nos leva a falsa interpretação de que existe algum tipo de hierarquia, mas na verdade ela se refere ao fato de que o Pai origina, isto é, o Filho é eternamente gerado do Pai, e o Espírito procede eternamente do Pai e do Filho. Também é preciso entender que quando se diz “gerado” ou “procede”, não significa “criado”, ou seja, não há um único momento em que o Filho não existiu, ou mesmo que o Espírito esteve ausente.

O Pai sempre foi Pai, o Filho sempre foi o Filho do Pai, e o Espírito sempre foi procedente do Pai e do Filho (Miqueias 5:2; João 5:6; 15:26). Agostinho foi muito feliz em dizer: “O Pai é apenas o Pai do Filho, e o Filho apenas o Filho do Pai; o Espírito, entretanto, é o Espírito tanto do Pai como do Filho, unindo-os em um vínculo de amor”.

Isso significa que o Pai, o Filho e o Espírito são igualmente Deus, possuem o mesmo poder, a mesma majestade e devem ser adorados de igual forma. Biblicamente, cada pessoa da Trindade procura a honra da outra, simplesmente porque, na verdade, são um único e verdadeiro Deus.

Já a Trindade Econômica trata acerca da forma com que o Deus Triúno age em relação à Criação e à Redenção. Por exemplo, o Pai cria, através do Filho, pela agência do Espírito Santo. Assim, com relação à economia da obra da salvação, existe uma organização, e nessa organização, e somente nela, isto é, apenas no aspecto econômico, existe uma subordinação, pois o Pai envia o Filho, e o Pai e o Filho enviam o Espírito Santo. É nesse sentido, com relação ao que envolve o plano de salvação, que Jesus declarou ser menor que o Pai (João 14:28), e depois o apóstolo Paulo escreveu dizendo que Deus é o cabeça de Cristo (1 Coríntios 11:3).

Portanto, ainda com relação à salvação, é correto dizer que o Pai planejou a salvação, o Filho trouxe a redenção executando o plano salvífico, e o Espírito Santo confirma essa obra regenerando, capacitando e santificando o pecador. Em sua primeira carta, o apóstolo Pedro falou de forma muita clara e simples sobre isso (1 Pedro 1:2).







CONCLUSÃO

A Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus é um, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo (cf. Êxodo 20:3; Deuteronômio 4:35; Isaías 45:14; 46:9; 1 Coríntios 8:4-6; Efésios 4:3-6; etc.). O versículo mais conhecido sobre esse ponto, e que com o tempo se tornou a declaração de fé dos judeus, o Shemá, diz: “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor” (Deuteronômio 4:6).

Mas ao mesmo tempo, conforme vimos aqui, a Bíblia também revela que esse único Deus subsiste em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, igualmente eternas e divinas (Mateus 3:16,17; 9:4; 28:18; Marcos 2:1-12; João 1:1-3; 3:5-8; 5:27; 10:30; Atos 5:3,4; 1 Coríntios 2:10; 6:19; 2 Coríntios 13:14; Colossenses 1:17; etc.).

A melhor coisa é simplesmente nos conformarmos que a pluralidade e a unidade não são contraditórias no Ser do único Deus, mesmo que isso pareça não fazer sentido a nós. Assim, a melhor definição é dizer que a Trindade significa que Deus é um Ser que subsiste em três pessoas, sem deixar de ser um, ou seja, há diversidade na unidade, há três pessoas em um único Deus.

Apesar de serem três pessoas distintas, não se tratam de três indivíduos separados, pois elas compartilham a mesma natureza, ou seja, são da mesma essência ou substância divina, e assim são igualmente Deus, possuem os mesmos atributos e a mesma essência. Portanto, entendemos que o Ser de Deus não está dividido em três partes, ao contrário, Ele é uma só essência em três pessoas, e é por isso que Pai, Filho e Espírito são plenamente e perfeitamente Deus. Sobre isso, o próprio Jesus declarou: “Eu e o Pai somos um”.

Para concluir, por mais que não possamos explicar completamente o que é a Trindade, certamente podemos compreender que só há um único Deus que subsiste em três pessoas, e que esse Deus Triúno, por sua infinita graça, de forma soberana, agiu em favor da nossa salvação. E que devemos louvar, adorar, glorificar, servir e sermos submissos, temamos, creiamos, adoremos, obedeçamos e vivamos para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.



O Credo Atanasiano diz:

Adoramos um Deus em Trindade, e Trindade em Unidade, sem confundir as Pessoas, sem separar a substância”.

Cada uma das Três Pessoas da Trindade é Deus, sendo iguais em autoridade, glória e poder. Cada uma igual às outras, merecendo o mesmo culto, a mesma devoção, a mesma confiança e fé.





José Cícero Moreira, pastor.

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